sexta-feira, 3 de maio de 2013

ÉTICA COMUNITÁRIA DE ENRIQUE DUSSEL - RESUMO

O outro, que sofre na miséria ou passa fome, interpela e atinge nossa própria identidade de ser humano. Não se deixar interpelar e não agir diante da pessoa massacrada pela miséria é desumanizar-se. Participar do resgate do ser pessoa do outro, é humanizar-se com ele. Enquanto houver um ser humano vitimado pela miséria ou pela fome, é a humanidade toda que sofre em sua dignidade ofendida. Enfim, esta situação da negação do outro como pessoa nos leva a rejeitar a soberania do mercado, que estimula a produção de bens tendo em vista unicamente o lucro que pode obter no atendimento à demanda. O mercado, como a economia em sua totalidade, é um meio a serviço das necessidades humanas e, portanto, é preciso que se submeta ao controle e ao monitoramento da comunidade.

 
O arco entre o eu e o nós só se fechará quando o modo de produção coletivo tiver se rebelado definitivamente contra o modo privado de apropriação e troca; quando o individuo não mais for um capitalista individual ou ainda um pulha atravessado; quando o coletivo, em vez disso, realmente tiver se tornado total, ou seja, quando englobar novos indivíduos num tipo de afinidade nunca antes vista. (BLOCH, V.3 2006, p. 52 – 53)
 
A ética comunitária em sua estrutura de libertação rompe com o sistema opressor no qual faz dos indivíduos meros anônimos diante da máxima do lucro. Logo, a prioridade na moral da sociedade consiste em afirmar as relações mediante a lógica do mercado. Esta que se apropria dos mecanismos econômicos, sociais, para desempenhar a função de dominar as ações das pessoas negando a coletividade, tornando-nos seres fragmentados com o intuito de estabelecer relação com o capital e dessa forma utilizando o outro como instrumento a favor do fluxo do capital. Os bens gerados pela economia vigente beneficiam a minoria, massacrando a maioria pobre no qual padece com a exclusão, contudo a ética comunitária urge em nossos dias para estabelecermos a ordem pela justiça.
 
O objetivo atual da vida econômica não é mais sustentar a vida do povo, mas acumular riqueza, ou seja, lucrar sempre mais. O mercado livre inaugurou uma verdadeira competição entre as pessoas para conseguir lucrar mais que o outro. A economia capitalista tem como pilar a forte concorrência na tentativa de derrubar o outro para acumular mais. Há hoje uma verdadeira guerra econômica, favorecendo os poderosos e fazendo vitimas: os pobres que não conseguem ter poder lucrativo.
 
               Possuir a consciência ética é ter sensibilidade ao rosto que me olha. Portanto, não é somente aplicar minha ajuda concreta ao outro, mas, sobretudo, ouvir, a interpelação que vem da alteridade absoluta, porque o outro está além de todo sistema, ele não pode ser reduzido a um eu dominador que o faz somente um instrumento. Sou ético quando faço por ele justiça, abro-me ao mesmo o levando a sério a partir de minha responsabilidade, que antecede a todo sistema. Porque o outro dentro do mesmo perde sua identidade, porque é dominado. Como percebemos a conversão só ocorre quando ouvimos a voz , o interpelo, nos sentimos chamados, sensibilizados.
 
BLOCH, E. O princípio esperança. Vol. 3. Ed. Tradução e notas Nélio Schneider. Rio de Janeiro. Ed. UERJ Contraponto. 2006
DUSSEL, E. Ética comunitária. 2. Ed. Tradução de Jaime Clasen. Petrópolis: Vozes, 1987.

 
 
 
 
 
 
 
 

 

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