segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Pensar o ser humano depois de Auschwitz, por Leonardo Boff

Pensar o ser humano depois de Auschwitz
Recordamos neste ano os 65 anos do Holocausto de judeus perpretado pelo nazismo de Hitler e de Himmler. É terrificante a inumanidade mostrada nos campos de extermínio, especialmente, em Auschwitz na Polônia. A questão chegou a abalar a fé de judeus e de cristãos que se perguntaram: como pensar Deus depois de Auschwitz? Até hoje, as respostas seja de Hans Jonas do lado judeu, seja de J.B.Metz e de J. Moltmann do lado cristão, são insuficientes. A questão é ainda mais radical: Com pensar o ser humano depois de Auschwitz?
   
É certo  que o inumando pertence ao humano. Mas quanto de inumanidade cabe dentro da humanidade? Houve um projeto concebido pensadamente e sem qualquer escrúpulo de redesenhar a humanidade. No comando devia estar a raça ariana-germânica, algumas seriam colocadas na segunda e na terceira categoria e outras, feitas escravas ou simplesmente exterminadas. Nas palavras de seu formulador, Himmler, em 4 de outubro de 1943: "Essa é uma página de fama de nossa história que se escreveu e que jamais se escreverá". O nacionalsocialismo de Hitler tinha a clara consciência da inversão total dos valores. O que seria crime se transformou para ele em  virtude e glória. Aqui se revelam traços do Apocalipse e do Anti-Cristo.

O livro mais perturbador que li em toda minha vida e que não acabo nunca de digerir se chama: "Comandante em Auschwitz: notas autobiográficas de Rudolf Höss"(1958). Durante os 10 meses em que ficou preso e interrogado pelas autoridades polonesas em Cracóvia entre 1946-1947 e finalmente sentenciado à morte, Höss teve tempo de escrever com extrema exatidão e detalhes como enviou cerca de dois milhões de judeus às câmaras de gás. Ai se montou uma fábrica de produção diária de milhares de cadáveres que assustava aos próprios executores. Era a "banalidade da morte" de que falava Hannah Arendt.

Mas o que mais assusta é seu perfil humano. Não imaginemos que unia o extermínio em massa aos sentimentos de perversidade, sadismo diabólico e pura brutalidade. Ao contrário, era carinhoso com a mulher e filhos, consciencioso, amigo da natureza, em fim, um pequenoburgues normal. No final, antes de morrer, escreveu: "A opinião pública pode pensar que sou uma béstia sedenta de sangue, um sádico perverso e um assassino de milhões. Mas ela nunca vai entender que esse comandante tinha um coração e que ele não era mau".Quanto mais inconsciente, mais perverso é o mal.

Eis o que é perturbador: como pode tanta inumanidade conviver com a  humanidade? Não sei. Suspeito que aqui entra a força da ideologia e a total submissão ao chefe. A pessoa Höss se identificou com o comandante e o comandante com a pessoa. A pessoa era nazista no corpo e na alma e radicalmente fiel ao chefe. Recebeu a ordem do "Fuhrer" de exterminar os judeus, então não se deve sequer pensar: vamos exterminá-los (der Führer befiehl, wir folgen). Confessa que nunca se questionou porque "o chefe sempre tem razão". Uma leve dúvida era sentida como traição a Hitler.

Mas o mal também tem limites e Höss os sentiu em sua própria pele. Sempre resta algo de humanidade. Ele mesmo conta: duas crianças estavam mergulhadas em seu brinquedo. Sua mãe era empurrada para dentro da câmara de gás. As crianças foram forçadas a irem também. "O olhar suplicante da mãe, pedindo misericórdia para aqueles inocentes"- comenta Höss - nunca mais esquecerei". Fez um gesto brusco e os policiais os jogaram na câmara de gás. Mas confessa que muitos dos executores não aguentavam tanta inumanidade e se suicidavam. Ele ficava frio e cruel.

Estamos diante de um fundamentalismo extremo que se expressa por sistemas totalitários e de obediência cega, seja políticos, religiosos ou ideológicos. A consequência é a produção da morte dos outros.

Este risco nos cerca pois demo-nos hoje os meios de nos autodestruir, de desiquilibrar o sistema Terra e de liquidar, em grande parte, a vida. Só potenciando o humano com aquilo que nos faz humanos como o amor e a compaixão podemos limitar a nossa inumanidade.

Leonardo Boff é autor de Tempo de Transcendência: o ser humano como projeto infinito, Vozes (2009).


sexta-feira, 16 de agosto de 2013

“O que é Política?”, por Hannah Arendt

“O que é Política?”, por Hannah Arendt

Fragmento 1
Agosto de 1950
1. A política baseia-se na pluralidade dos homens. Deus criou o homem, os homens são um produto humano mundano, e produto da natureza humana. A filosofia e a teologia sempre se ocupam do homem, e todas as suas afirmações seriam corretas mesmo se houvesse apenas um homem, ou apenas dois homens, ou apenas homens idênticos. Por isso, não encontraram nenhuma resposta filosoficamente válida para a pergunta: o que é política? Mais, ainda: para todo o pensamento científico existe apenas o homem – na biologia ou na psicologia, na filosofia e na teologia, da mesma forma como para a zoologia só existe o leão. Os leões seriam, no caso, uma questão se só interessaria aos leões.
É surpreendente a diferença de categoria entre as filosofias políticas e as obras de todos os grandes pensadores – até mesmo de Platão. A política jamais atinge a mesma profundidade. A falta de profundidade de pensamento não revela outra coisa senão a própria ausência de profundidade, na qual a política está ancorada.
2. A política trata da convivência entre diferentes. Os homens se organizam politicamente para certas coisas em comum, essenciais num caos absoluto, a partir do caos absoluto das diferenças. Enquanto os homens organizam corpos políticos sobre a família, em cujo quadro familiar se entendem, o parentesco significa, em diversos graus, por um lado aquilo que pode ligar os mais diferentes e por outro aquilo pelo qual formas individuais semelhantes podem separar-se de novo umas das outras e umas contra as outras.
Nessa forma de organização, a diversidade original tanto é extinta de maneira efetiva como também destruída a igualdade essencial de todos os homens. A ruína da política em ambos os lados surge do desenvolvimento de corpos políticos a partir da família. Aqui já está indicado o que se torna simbólico na imagem da Sagrada Família: Deus não criou tanto o homem como o fez com a família.
3. Quando se vê na família mais do que participação, ou seja, a participação ativa na pluralidade, começa-se a bancar Deus, ou seja, a agir como se se pudesse sair, de modo natural, do princípio da diversidade. Ao invés de se gerar um homem, tenta-se criar o homem na imagem de si mesmo.
Porém, sob o ponto de vista prático-político, a família ganha sua importância inquestionável porque o mundo assim está organizado, porque nele não há nenhum abrigo para o indivíduo – vale dizer, para os mais diferentes. As famílias são fundadas como abrigos e castelos sólidos num mundo inóspito e estranho, no qual se precisa ter parentesco. Esse desejo leva à perversão fundamental da coisa política, porque anula a qualidade básica da pluralidade ou a perde através da introdução do conceito de parentesco.
4. O homem, tal como a filosofia e a teologia o conhecem, existe – ou se realiza – na política apenas no tocante aos direitos iguais que os mais diferentes garantem a si próprios. Exatamente na garantia e concessão voluntária de uma reivindicação juridicamente equânime reconhece-se que a pluralidade dos homens, os quais devem a si mesmos sua pluralidade, atribui sua existência à criação do homem.
5. A filosofia tem duas boas razões para não se limitar a apenas encontrar o lugar onde surge a política. A primeira é:
a) Zoon politikon: como se no homem houvesse algo político que pertencesse à sua essência – conceito que não procede; o homem é a-político. A política surge no entre-os-homens; portanto totalmente fora dos homens. Por conseguinte, não existe nenhuma substância política original. A política surge no intra-espaço e se estabelece como relação. Hobbes compreendeu isso.
b) A concepção monoteísta de Deus, em cuja imagem o homem deve ter sido criado. Daí só pode haver o homem, e os homens tornam-se sua repetição mais ou menos bem-sucedida. O homem, criado à imagem da solidão de Deus, serve de base ao state of nature as a war of all against all, de Hobbes. É a rebelião de cada um contra todos os outros, odiados porque existem sem sentido – sem sentido exclusivamente para o homem criado à imagem da solidão de Deus.
A solução ocidental dessa impossibilidade da política dentro do mito ocidental da criação é a transformação ou a substituição da política pela História. Através da ideia de uma história mundial, a pluralidade dos homens é dissolvida em um indivíduo homem, depois também chamada de Humanidade. Daí o monstruoso e desumano da História, que só em seu final se afirma plena e vigorosamente na política.
6. Torna-se difícil compreender que devemos ser livres de fato num campo, ou seja, nem movidos por nós mesmos nem dependentes do material dado. Só existe liberdade no âmbito particular do conceito intra da política. Nós nos salvamos dessa liberdade justo na “necessidade” da História. Um absurdo abominável.
7. Pode ser que a tarefa da política seja construir um mundo tão transparente para a verdade como a criação de Deus. No sentido do mito judaico-cristão, isso significaria: ao homem, criado à imagem de Deus, foi dada capacidade genética para organizar os homens à imagem da criação divina. Provavelmente, um absurdo – mas seria a única demonstração e justificativa possível à ideia da lei da Natureza.
Na diversidade absoluta de todos os homens entre si – maior do que a diversidade relativa de povos, nações ou raças – a criação do homem por Deus está contida na pluralidade. Mas a política nada tem a ver com isso. A política organiza, de antemão, as diversidades absolutas de acordo com uma igualdaderelativa e em contrapartida às diferenças relativas.
(ARENDT, Hannah. O que é Política? Rio de Janeiro: Bertrand, 2004; pág. 21-24)


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

2° MOSTRA DA CASA - UNITAU

Mostra de Arte dos docentes e funcionários administrativos da UNITAU, no Solar da Viscondessa. Aberta ao público até o dia 31\08


Agradeço a Universidade pela oportunidade de participar deste evento e expor 4 poemas de minha autoria compartilhando daquilo que aprendemos com a vida.




sexta-feira, 2 de agosto de 2013

UNITAU NA PRAÇA - Em Caçapava dia 14 de agosto de 2013

O projeto UNITAU na Praça está percorrendo as praças do Vale. Neste mês de agosto, levaremos o evento para a Praça da Bandeira em Caçapava, na 2ª quarta-feira, dia 14 de agosto de 2013.



O propósito da realização do projeto “UNITAU NA PRAÇA”  baseia-se em atividades assistenciais e educativas a serem desenvolvidas por docentes e discentes da Universidade de Taubaté.  A proposta é de que nas primeiras quartas-feiras de cada mês, no horário das 8h30 as 11h30, os discentes acompanhados pelos docentes, devem ir à Praça escolhida para o evento, com atividades previamente já elaboradas por cronograma, exercer ações de lazer, educativas e assistenciais em saúde.   Alguns exemplos de atividades que ocorrem no “UNITAU na Praça”:
  • Infantil – oficina de construção de brinquedos com material reciclável,  festival de pipas, apresentação interativa  de espetáculo circense.
  • Adolescente -  Hip Hop,oficina e apresentação artísticas.
  • Adulto – consciência as terapias alternativas, aulas de yoga, danças circulares, tai chi chuan, massagem e relaxamento
  • Terceira idade - aula de ginástica, oficinas, oshibana  ( arte de criar peças com flores preensadas), arranjos florais, bingo.
  • Especial -   A cada mês uma atração especial para a comunidade.

Pró-reitoria de Extensão | Universidade de Taubaté


quinta-feira, 1 de agosto de 2013

PAIE – Programa de Atenção Integral ao Envelhecimento - UNITAU


Local: Av. Tiradentes, 500, Bom Conselho, Taubaté-SP (Campus do Bom Conselho)

XXXVI SEMANA JURÍDICA - UNITAU

A Universidade de Taubaté (UNITAU) realiza, de 6 a 9 de agosto, a XXXVI Semana Jurídica, cujo tema é “25 anos da Constituição Federal: uma visão interdisciplinar”.


07/08/13 – QUARTA-FEIRA
8h30 – Palestra: Constituição Federal: 25 anos de Consolidação da Cidadania;
Palestrante: Dr. Antonio Carlos Ozório Nunes (Promotor de Justiça da Comarca de Taubaté, Mestre pela PUC/SP e professor);  
19h30 – Palestra: Teoria Comunicacional do Direito Aplicada aos Contratos;
Palestrante: Dr. Jean Soldi Esteves (Secretário de Negócios Jurídicos da Prefeitura Municipal de Taubaté, Mestre e Doutorando pela PUC/SP e professor).
08/08/13 – QUINTA-FEIRA
8h30 – Palestra: O Poder Judiciário e a Constituição Federal de 1988: Cidadania e Justiça; 
Palestrante: Dr. José Claudio Abrahão Rosa (Juiz de Direito da 1ª Vara Cível da Comarca de Taubaté e professor);
19h30 – Palestra: O Estado Democrático e a Legitimidade das Manifestações Populares;
Palestrante: Dr. Daniel Estefano Santos (Delegado e professor).
09/08/13 – SEXTA-FEIRA
8h30 – Palestra: Controle de Constitucionalidade no Âmbito Municipal;
Palestrante: Paul Anderson de Lima (Advogado e Procurador Chefe da Câmara de Taubaté);  
19h30 – Homenagem ao Dr. Sebastião Monteiro Bonato (advogado, ex-Reitor da Universidade de Taubaté e professor)
Palestra: Advocacia: função Essencial da Justiça

terça-feira, 23 de julho de 2013

INSCRIÇÕES PARA BOLSA FAMILIAR E BOLSA FIDELIDADE VÃO DE 15 A 26 DE JULHO

É necessário cadastrar-se no link e levar a documentação obrigatória na PRE


A Universidade de Taubaté (UNITAU) recebe, entre os dias 15 e 26 de julho de 2013, as inscrições dos alunos interessados em participar dos programas de bolsas de estudo das modalidades familiar e fidelidade.
A bolsa familiar é destinada a famílias que possuam duas ou mais pessoas estudando em cursos de graduação da UNITAU ou no Colégio UNITAU (Escola de Aplicação Dr. Alfredo José Balbi).
A bolsa fidelidade beneficia estudantes de graduação egressos do Colégio UNITAU. Mais informações sobre os benefícios podem ser obtidas no site ou na deliberação que trata do assunto. Link: https://webapps.unitau.br/bolsa/
Para ter direito às bolsas, os candidatos devem preencher um cadastro disponível nesse mesmo link (o formulário estará disponível de 15 a 26 de julho) e levá-lo, junto com os demais documentos obrigatórios (as listas seguem abaixo), de 2ª a 6ª, das 8h às 12h e das 14h às 18h, na Pró-Reitoria Estudantil (PRE), localizada na Avenida 9 de Julho, nº 183, no Centro. 
Mais informações podem ser obtidas nos telefones (12) 3625-4216 e (12) 3625-4180.
Para a bolsa familiar, é necessário apresentar os seguintes documentos:
  • inscrição no site;
  • comprovante de matrícula;
  • cópias do RG ou certidão de nascimento dos membros da família matriculados para comprovar que são irmãos ou pais e filhos;
  • cópias da certidão de casamento ou contrato de união estável para comprovar que são cônjuges;
Para a bolsa fidelidade:
  • inscrição no site da UNITAU;
  • comprovante de matrícula;
  • cópia do Histórico Escolar do período em que cursou ensino médio na Escola Dr. Alfredo José Balbi;
ACOM/UNITAU

O que é o Programa de Estímulo à Quitação de Débitos da UNITAU?



É um programa criado pela Universidade de Taubaté, que oferece 100% de desconto em multas e juros para que alunos e ex-alunos em débito com a Instituição quitem suas dívidas. Ele também permite o parcelamento da dívida, de acordo com seu valor.
Quais as vantagens?
Os alunos e ex-alunos em débito terão, com o programa, uma oportunidade única para quitarem suas pendências financeiras contraídas até 31/12/2011 com a Universidade. Isso porque poderão pagar as dívidas, atualizadas monetariamente pelo INPC, sem multas e juros, ou seja, com uma redução significativa do valor devido. Os estudantes e ex-estudantes também poderão parcelar sua dívida em até 15 parcelas (mensais e consecutivas), de acordo com o montante da dívida.
Quem pode participar?
Alunos e ex-alunos dos cursos de graduação da UNITAU e dos cursos do Colégio UNITAU (Escola de Aplicação Dr. Alfredo José Balbi) que tenham dívidas contraídas com a Instituição até 31/12/2011.
Quais dívidas são aceitas para a realização de acordos pelo programa?
Débitos contraídos até 31/12/2011: anuidades, semestralidades e acordos. Podem participar do programa alunos e ex-alunos que possuem dívidas não ajuizadas (que estão na Pró-Reitoria de Finanças) e ajuizadas (que já viraram processos judiciais de cobrança e estão na Procuradoria Jurídica).
Qual o período de duração do programa?
O PEQD entrou em vigor no dia 15 de julho de 2013 e vigorará até 11 de outubro de 2013.

ABERTAS AS INSCRIÇÕES PARA VAGAS REMANESCENTES E NOVA COTA DO FIES

Alunos que querem financiar os estudos por meio do programa podem se cadastrar no site do FIES


A Universidade de Taubaté abriu ontem, dia 22 de julho, o prazo de matrículas para vagas remanescentes do Vestibular. Também foi aberto o período de inscrições para uma nova cota do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES).
As vagas remanescentes são destinadas a alunos que já prestaram o Vestibular da UNITAU, que querem realizar a transferência de outra Instituição para a Universidade de Taubaté ou que realizaram o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). As informações sobre os cursos com vagas disponíveis, os documentos necessários para cada caso e outros dados estão disponíveis aqui ou no 0800 557255.
Os estudantes podem realizar a matrícula até o dia 26 de julho, das 8h às 12h e das 14h às 18h, na Coordenadoria de Controle Acadêmico, localizada na Avenida Nove de Julho, 245, Centro.
FIES
Uma nova cota do FIES foi liberada pelo Ministério da Educação (MEC) para estudantes da UNITAU. Os interessados podem se inscrever, por meio do portal do programa. Podem pleitear o benefício tanto os alunos que já cursam uma graduação na Universidade quanto aqueles que ingressarão no curso no segundo semestre. 
Após efetuar o cadastro, o aluno deve providenciar os documentos exigidos pelo MEC (a lista também está nosite do programa) e levá-los à Pró-reitoria Estudantil (PRE), localizada na Avenida Nove de Julho, nº 183, Centro. A apresentação dos documentos na PRE pode ser realizada de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 11h e das 14h30 às 17h. Mais informações podem ser obtidas no (12) 3625-4180.  
O FIES permite que o estudante financie até 100% do valor do curso, com baixa taxa de juros (3,4% ao ano). O aluno só começa a pagar a graduação após um ano e meio de formado.
Para solicitar o benefício, o estudante precisa atender a algumas exigências, entre elas estar regularmente matriculado, não ter renda mensal bruta superior a 20 salários mínimos e apresentar um fiador que não seja o cônjuge.
Devido às exigências do MEC, até o momento, os cursos de Direito, de Psicologia, de Gestão de Recursos Humanos e de Análise e Desenvolvimento de Sistemas não oferecem o financiamento.
Já as graduações de Licenciatura e de Medicina têm um incentivo extra, pois quem trabalha na rede pública recebe em troca a quitação da dívida. Os futuros médicos obtêm o abatimento ao integrarem a equipe do programa saúde da família, e os formados em Licenciatura precisam praticar atividades na rede pública.
Os estudantes que concluíram o Ensino Médio, a partir de 2010, devem ter realizado o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) para concorrer ao benefício.
No ato da inscrição, o próprio sistema do MEC expõe para o aluno qual é o percentual máximo que ele poderá parcelar do curso.  

SERVIÇO:
Matrículas para vagas remanescentes
Período: de 22 a 26 de julho, das 8h às 12h e das 14h às 18h;
Local: Coordenadoria de Controle Acadêmico, localizada na Avenida Nove de Julho, 245, Centro;
Informações:  0800 557255.


Inscrições para nova cota do FIES
Período: até o esgotamento da nova cota;
Como fazer: é necessário cadastrar-se no site do FIES e levar os documentos exigidos à Pró-reitoria Estudantil, localizada na Avenida Nove de Julho, nº 183, Centro;
Informações: no site do FIES ou no (12) 3625-4180.
ACOM/UNITAU

segunda-feira, 22 de julho de 2013

PROJETOS – FNS 2013


A Cáritas Brasileira divulga os projetos aprovados pelo Conselho Gestor do Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) 2013


Calendário de reuniões do Conselho Gestor

 PARA APROVAÇÃO DE PROJETOS – FNS 2013 

1ª. reunião: 17 de junho de 2013.
2ª. reunião: 22 de agosto de 2013.
3ª. reunião: 24 de outubro de 2013.
4ª. reunião: 11 de dezembro de 2013.




fonte: http://caritas.org.br/novo/fundo-nacional-de-solidariedade-2013/

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Sancionada e publicada no dia 03/07 a Lei 4773/13 que isenta em 100% de juros e multas os alunos e ex-alunos que devem para Unitau.

Já está valendo: Sancionada e publicada no dia 03/07 a Lei 4773/13 que isenta em 100% de juros e multas os alunos e ex-alunos que devem para Unitau.

Os alunos que estiverem nestas condições já podem procurar o Departamento de Finanças para pagar as dívidas que ainda não foram alvo de processos e as que tiverem processo em andamento devem procurar a Procuradoria Jurídica da Universidade. O parcelamento das dívidas se dará em até 15 vezes conforme o débito do aluno.
Os interessados deverão procurar a Pró- Reitoria na Avenida Nove de Julho, 245, Centro, Taubaté-SP, Telefone: (12) 3625-4214 / (12) 3633-6268, Horário de atendimento: de segunda a sexta, das 8h às 12h e das 14h às 18h. Já a Procuradoria Jurídica, situa-se à Rua 04 de Março, nº 432, Centro, Taubaté-SP.




 
 
 
 
 
 


sábado, 6 de julho de 2013

2ª Mostra de Arte da Casa, exposição composta de trabalhos artísticos produzidos pelos docentes e servidores técnico-administrativos da Instituição.


UNITAU oferece curso gratuito de Estatística não-paramétrica

A Universidade de Taubaté (UNITAU) realizará, de forma gratuita, um curso de Estatística não-paramétrica, destinado a alunos de Graduação, Pós-graduação e professores. Com carga horária de 15h, o curso ocorrerá às segundas-feiras, das 14h às 17h, a partir do dia 5 de agosto, na sala de informática do campus do Bom Conselho.

O curso é ministrado pelo Prof. Dr. Luiz Fernando Costa e oferece conhecimentos sobre os fundamentos da análise paramétrica e suas utilizações – a análise permite a comparação de dados de diferentes amostras.

Os interessados em fazer o curso deverão retirar a ficha de inscrição nas secretarias dos Departamentos de Medicina ou Odontologia, ou ainda na secretaria dos cursos de Extensão.

O Departamento de Medicina está localizado na Av. Tiradentes, 500, Bom Conselho. O Departamento de Odontologia está localizado na Rua dos Operários, nº 09, Centro. A secretaria dos cursos de Extensão está localizada na Avenida Nove de Julho, 199, no Centro.

Após preencher a ficha, o candidato deve entregá-la na secretaria do Departamento de Medicina, até o dia 31 de julho.

Thais Andressa
UNITAU/PREX


fonte: http://www.unitau.br/noticias/detalhes/718/UNITAU-oferece-curso-gratuito-de-Estatistica-nao-parametrica

Novos rondonistas da UNITAU partem para missão no Maranhão

Equipe viajou neste sábado, dia 6, para a cidade de Maracaçumé, no Maranhão


Estudantes e professores da Universidade de Taubaté (UNITAU) partiram hoje, dia 6 de julho, para mais uma expedição do Projeto Rondon, projeto do Ministério da Defesa realizado em parceria com universidades brasileiras. Os novos rondonistas, que participaram de uma cerimônia de despedida na Instituição no último dia 1º, irão atuar durante 15 dias na cidade de Maracaçumé, localizada no Maranhão.

A equipe é composta por oito universitários e dois professores. As atividades que serão realizadas no Maranhão foram planejadas pelos professores e alunos. Um dos projetos contempla uma caminhada ecológica, voltada para a reciclagem e oficina de sabão caseiro.

“Os alunos poderão vivenciar na prática o que eles aprendem na sala de aula. Eles aprendem bastante, pois têm de executar diferentes atividades”, disse o Prof. Me. Edésio Santos, coordenador dessa missão pela UNITAU.

A estudante Lucila dos Santos, que é aluna do quarto ano de Educação Física, acredita que, após o período em que passarão no Maranhão, os rondonistas valorizarão mais suas atividades. “Nós passaremos por desafios, o que temos aqui é diferente do que se tem lá”.

Já Maurício Pereira, estudante do terceiro ano de História, espera trazer experiências de cidadania e compartilhar com os colegas.

Nara Carvalho
ACOM/UNITAU



fonte: http://www.unitau.br/noticias/detalhes/716/Novos-rondonistas-da-UNITAU-partem-para-missao-no-Maranhao

CONCURSO PARA PROFESSORES - ESTADO DE SP

Educação anuncia maior concurso da história para professores: 59 mil novas vagas

 
O edital do concurso, para os professores interessados em atuar nas escolas a partir de 2014, deve ser publicado ainda neste semestre. O último concurso, realizado em março de 2010, teve 260 mil inscritos.
 

fonte:http://www.educacao.sp.gov.br/noticias/governo-anuncia-hoje-5-pacote-de-medidas-que-fortalece-a-educacao-paulista

segunda-feira, 3 de junho de 2013

ÉTICA E POLÍTICA


A questão das relações entre ética e política se transformou na questão número um do debate nacional a partir das denúncias de corrupção no ano  passado. Este debate tem certamente méritos e é  de fundamental importância para a vida nacional, mas é marcado por uma visão muito unilateral do fenômeno político. Ele dá a entender que tudo seria maravilhoso se nossos governantes possuíssem um conjunto de virtudes que atestassem seu bom caráter do qual dependeriam a paz e a ordem social. Perde-se assim uma das intuições fundamentais do pensamento político ocidental desde seus primórdios: o que é decisivo para a ética na política não são simplesmente as virtudes privadas dos governantes, mas o ordenamento institucional, porque é dele que depende se os cidadãos têm acesso ou não a seus direitos universais.
        Por esta razão, a questão da corrupção não pode ser reduzida a um problema específico da esfera individual. Desde os gregos, que inauguraram o pensamento político ocidental, falar de ética na política não significava  apenas uma consideração crítica frente às ações privadas dos cidadãos, mas sobretudo da configuração das relações sociais segundo princípios de justiça. A partir desta ótica falar de ética na política significa hoje para nós compreender que é tarefa do Estado garantir a participação popular na gestão da coisa pública através da criação de mecanismos permanentes de participação direta da população e da constituição de comitês populares para acompanhar e fiscalizar as atividades e as obras do Estado. Só assim será possível assegurar e ampliar os direitos sociais e enfrentar a questão básica que nos marca secularmente, a questão da desigualdade e da exclusão social. Isso implicaria uma reversão das prioridades no que diz respeito às políticas públicas, passando para o primeiro plano as que visam assegurar oportunidades de emprego e salário justo e os meios necessários para uma vida digna entre as quais em nossa situação específica se vão situar o acesso à terra e ao solo urbano como também moradia e saneamento para todos. Nesta perspectiva se revela como intrinsecamente corrupta uma política macroeconômica que transfere para os banqueiros a riqueza produzida por toda a nação e que impede a universalização do acesso a estes meios.
            Claro que neste contexto é muito importante ter presente de que a corrupção individual e social não começou no atual governo, mas lamentavelmente se transformou num elemento estrutural do exercício do poder e da cultura política que nos marca. Por isto, não espanta e nem causa indignação a muitos o fato de que nossos partidos políticos não tenham defendido no parlamento de modo consistente as reformas  e as políticas públicas que tornariam o país menos vulnerável seja à corrupção individual seja à continuidade de uma configuração iníqua da vida coletiva, porque marcada por um conjunto de instituições que sustentam as diferentes formas de exploração e de degradação da vida humana. Para além das virtudes pessoais dos governantes, o que realmente pode garantir a ética na política é a existência de instituições sólidas e de mecanismos de administração transparente, que sejam capazes de garantir os direitos universais do cidadão assim também como a existência de meios de comunicação livres, independentes, e de organismos de controle social que acompanhem o exercício do governo. O grande desafio do momento é que, sejamos capazes de ir além de uma crítica moralizante à corrupção pessoal, que facilmente é acompanhada de enorme hipocrisia, e nos empenhemos  com seriedade numa crítica cívica às instituições e às políticas públicas.

                      
Manfredo Araújo
  Filósofo, professor da Universidade Federal do Ceará/UFC.

A VIDA - Curta metragem e animação


A ILHA - Curta Metragem e Animação por Alê Camargo

 

"É NECESSÁRIO SAIR DA ILHA PARA VER A ILHA, NÃO NOS VEMOS SE NÃO SAIMOS DE NÓS." JOSÉ SARAMAGO

 
 

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Karl Marx – Modo de Produção e Luta de Classes

Modo de produção é a maneira como se organiza a produção material em um dado estágio de desenvolvimento social. Essa maneira depende do desenvolvimento das forças produtivas (a força do trabalho humano e os meios de produção, tais como máquinas, ferramentas, etc.) e da forma das relações de produção.

Marx define os seguintes modos de produção dominantes em cada época: o comunismo primitivo; o escravismo na Antiguidade; o feudalismo na Idade Média e o capitalismo na Idade Moderna.
A passagem de um modo de produção a outro, segundo o filósofo, dá-se no momento em que o nível de desenvolvimento das forças produtivas entra em contradição com as relações sociais de produção. Quando isso ocorre, há um sufocamento da produção em virtude da inadequação das relações nas quais ela se dá. Nesse momento, surgem as possibilidades objetivas de transformação desse modo de produção.
De acordo com Marx, caberia à classe social que possui, nesse momento, um caráter revolucionário intervir por meio de ações concretas, práticas, para que essas transformações ocorram. Foi o que aconteceu, por exemplo, na passagem do feudalismo ao capitalismo, com as revoluções burguesas. Marx sintetiza essa análise na afirmação de que a luta de classes é o motor da história, isto é, a luta de classes faz a história se mover.
 
A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, mestre de corporação e aprendiz; numa palavra, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra que terminou sempre, ou por uma transformação revolucionária da sociedade inteira, ou pela destruição das duas classes em luta[1].
 
De acordo com Marx, o capitalismo também criou uma classe revolucionária que, em virtude de suas condições de existência, deve se organizar para, no momento oportuno, fazer a revolução social rumo ao socialismo. Essa classe revolucionária seria o proletariado.


[1] Manifesto Comunista, 1848.
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COTRIM, Gilberto & FERNANDES, Mirna. Fundamentos de Filosofia, São Paulo : Saraiva, 2010
 

Fonte: http://giulianofilosofo.blogspot.com.br/2011/05/karl-marx-modo-de-producao-e-luta-de.html

 

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Povos Ribeirinhos do Amazonas - Contexto Histórico e Sociedade

 

As comunidades foram formadas por migrantes atraídos para a Amazônia principalmente entre a segunda metade do século XIX e o primeiro quarto do século XX para trabalhar na extração do látex das seringueiras da Amazônia. Nesse período, a borracha se tornou uma importante matéria-prima para o desenvolvimento da indústria automobilística, o que fez com que sua produção fosse fortemente estimulada. A extração do látex na Amazônia encontrou como fator limitante a escassez de mão-de-obra e a resistência indígena em defesa de seu território e de sua liberdade. Por isso, milhares de trabalhadores, sobretudo oriundos do nordeste brasileiro, foram atraídos para a Amazônia entre 1872 e 1920, período conhecido como Primeiro Ciclo de Borracha e, em um segundo momento, durante a Segunda Guerra Mundial, o dito Segundo Ciclo.
Com. Vila Carneiro - Barreirinha AM
As condições sob as quais os migrantes trabalhavam na Amazônia eram quase sempre desvantajosas. Geralmente começava-se a trabalhar endividado, já que as despesas de viagens, com obtenção de instrumentos de trabalho e instalação eram arcadas pelos trabalhadores. Esses também pagavam preços elevados por todos os mantimentos necessários à sobrevivência na floresta, instrumentos de trabalho e até mesmo pela utilização das estradas que davam acesso aos seringais. Os pagamentos eram efetuados com a própria seringa extraída, pela qual os patrões geralmente pagavam um preço muito baixo. Assim, os trabalhadores dificilmente conseguiam acumular saldos positivos perante o trabalho na extração do látex, mantendo-se sempre endividados e dependentes dos patrões.
O fluxo migratório do qual essas comunidades foi fruto guarda outra peculiaridade importante para a definição de sua identidade. A maioria dos migrantes que foram para a Amazônia para trabalhar nos seringais eram homens que deixaram suas famílias no Nordeste. Sem alternativas para voltar a suas regiões de origem, grande parte dos migrantes foram forçados a permanecer muito mais tempo do que o esperado na Amazônia. Com o tempo, esses migrantes se miscigenaram com as populações indígenas que habitavam as localidades ocupadas originalmente, formando o povo caboclo, que possui ainda hoje um modo de vida peculiar e um profundo conhecimento sobre a floresta.
A perda de competitividade da borracha brasileira no mercado internacional a partir de 1912 fez com que a grande maioria das empresas exportadoras de borracha encerrassem suas atividades. Com isso, muitos dos trabalhadores e trabalhadoras dos seringais não tiveram condições de voltar às suas regiões de origem ou preferiram permanecer na floresta, isolados de outras concentrações humanas. Sem muitos recursos tecnológicos, essas pessoas aprenderam a viver em harmonia com a floresta, utilizando seu potencial natural de forma planejada e controlada.
A partir de meados do século XX, sucessivos governos passaram a estimular intensivamente a ocupação da Amazônia.  Ganham destaque nesse sentido, as estratégias adotadas pelos governos militares a fim de “ocupar para não perder”, que contribuíram para que grandes fluxos migratórios ocorressem de forma totalmente desordenada. As políticas desses governos eram pautadas em uma visão da região como um grande vazio demográfico, ignorando a existência e a peculiaridade do modo de vida das populações locais e do bioma amazônico. Estimulou-se, por exemplo, atividades agrícolas e pecuárias extensivas e a extração descontrolada de madeira e minérios, que resultaram em uma intensa devastação da cobertura florestal da região e expulsão de muitas pessoas das terras tradicionalmente ocupadas por elas.
As últimas décadas foram marcadas pela emergência de movimentos sociais ligados a essas populações florestais historicamente marginalizadas que ganharam grande projeção. Uma das figuras mais conhecidas e que melhor representa a emergência desses movimentos é Chico Mendes, liderança do movimento dos seringueiros que ganhou projeção internacional ao lutar pelo direito legítimo dos herdeiros dos ditos ciclos da borracha de usufruírem os territórios tradicionalmente ocupados e que acabou assassinado. Como resultado dessas lutas, diversas políticas voltadas a atender as demandas dos povos da floresta foram criadas, como, por exemplo, a criação do marco institucional das Reservas Extrativistas.
Apesar de importantes conquistas, atualmente, essas populações ainda sofrem as consequências de políticas implementadas no passado e de outras ações governamentais voltadas para as regiões Amazônicas que pouco levam em conta sua existência e seus anseios. Nesse sentido, o comportamento do governo brasileiro e de outros agentes que influem na realidade da região, é baseado em uma visão muito parecida da que os próprios colonizadores portugueses do século XVI tinham do Brasil como um todo. Para eles, a Amazônia é homogênea, vazia, atrasada, sendo que o desenvolvimento deve ser levado a região baseado na perspectiva dos que a olham de fora. Essa visão colonizadora a respeito da região tem gerado grandes problemas socioambientais na Amazônia, vivenciados sobretudo pelos seus habitantes mais antigos, que possuem modos de vida e culturas muito diferentes das pessoas que ocupam os cargos governamentais e tomam as decisões que afetam suas vidas.
 
 
 
Por via prazerosa, o homem da Amazônia percorre pacientemente as inúmeras curvas dos rios, ultrapassando a solidão de suas várzeas pouco povoadas e plenas de incontáveis tonalidades de verdes, da linha do horizonte que parece confinar com o eterno, da grandeza que envolve o espírito numa sensação de estar diante de algo sublime... (Loureiro, 1995, p. 59).


 
 
 
 
 

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Fragmentos da Conclusão "Veias Abertas da América Latina" Eduardo Galeano

A nossa história não tem sido uma continua experiência de mutilação e desintegração

disfarçada de desenvolvimento? Séculos atrás a conquista arrasou os solos para implantar

cultivos de exportação e aniquilou populações indígenas no garimpo das covas e

beiras de rio para satisfazer a demanda de prata e ouro de ultramar. A alimentação da

população pré-colombiana, que pode sobreviver ao extermínio, piorou com o progresso

alheio. Nos nossos dias, o povo do Peru produz farinha de peixe, muito rica em proteínas,

para as vacas dos Estados Unidos e da Europa, mas as proteínas brilham pela sua ausência

na dieta da maioria dos peruanos. A filial da Volkswagen na Suíça planta uma árvore por

automóvel que vende - gentileza ecológica - enquanto no Brasil, ao mesmo tempo, a filial

da Volkswagen arrasa centenas de hectares de matas que dedicará à produção intensiva

de carne de exportação. 0 povo brasileiro vende cada vez mais carne ao estrangeiro e é rara

a vez que pode comer carne. Não faz muito tempo que Darcy Ribeiro, numa conversa, me

disse que uma república volkswagen não é diferente, no que é essencial, de uma república

bananeira. Por dólar gerado pela exportação de bananas, apenas onze centavos ficam no
 
país produtor, e desses onze centavos, uma parte insignificante chega aos trabalhadores

das plantações. As proporções serão alteradas quando um país latino-americano exporta

automóveis?

Os navios negreiros já não cruzam mais o oceano. Agora, os traficantes de escravos operam a

partir do Ministério do Trabalho. Salários africanos, preços europeus. O que são os golpes de

Estado na América Latina senão que sucessivos episódios de uma guerra de rapina? As

flamantes ditaduras, de imediato, convidam as empresas estrangeiras para explorar a

mão-de-obra local abundante e barata. O crédito é ilimitado, as isenções de impostos e os

recursos naturais ficam ao alcance da mão.

Postula a si próprio como destino e gostaria de confundir-se com a eternidade. Toda memória é
 
subversiva porque é diferente. Todo projeto de futuro também. Obrigam zumbi a comer sem
 
sal: o sal, perigoso, poderia despertá-lo. O sistema encontra seu paradigma na imutável
 
sociedade das formigas. Por isto se dá mal com a história dos homens: pelo muito que esta
 
muda. E porque, na história dos homens, cada ato de destruição encontra sua resposta - cedo
 
ou tarde - num ato de criação.

EDUARDO GALEANO
Calella, Barcelona,
abril de 1978.